Domingo de carnaval não tem futebol. Por isso estarei hoje completando o artigo de Laércio Becker “Bonsucesso, O Rubro-Anil da Leopoldina”. Separei ousadamente o artigo para publicar a parte que trata da história do Bonsucesso Futebol Clube no início da semana que antecedia o Clássico da Leopoldina, realizado ontem na Rua Bariri. Hoje, domingo de carnaval, ao ler a história da Zona da Leopoldina da Cidade do Rio de Janeiro, estaremos lembrando dois símbolos carnavalescos que muito orgulham o povo leopoldinense: a escola de samba Imperatriz Leopoldinense e o bloco de empolgação mais famoso do Rio, Cacique de Ramos.
"Bonsucesso, O Rubro-Anil da Leopoldina"
(continuação)
Artigo de Laércio Becker.
[http://www.webartigos.com/Por que Leopoldina? O famoso Samba do crioulo doido, de Sérgio Porto, diz que “Dona Leopoldina virou trem”. Noronha Santos e Charles Dunlop dizem que foi uma homenagem à Princesa Leopoldina, filha de Pedro II. Outros, contudo (Rodriguez, Gerodetti, Cornejo, Campos e Silva), dizem que o nome decorre, na verdade, da cidade mineira de Leopoldina, por onde passava o primeiro ramal da estrada de ferro.
Até aí, tudo bem. Digo, essa é a controvérsia sobre a origem do nome da Estrada de Ferro. Mas será que a Zona da Leopoldina deve seu nome à ferrovia? Faço essa pergunta porque li alhures que a origem poderia estar no nome de Leopoldina Rego, descendente de Francisco José Pereira Rego (ver nosso artigo “Olaria, o Clube da Rua Bariri”), legendária professora que ficou famosa por ter fundado a primeira escola particular de Olaria, em 1900. Depois, seu pai, João Gualberto Nabor Rego, o “Noca”, abriu em suas terras uma rua com o nome da filha, justamente ao longo de trecho da linha do trem, perto da estação de Olaria. Como a família era proprietária de grandes glebas na região e a professora Leopoldina ganhou fama, essa é uma hipótese interessante, que justificaria o nome da Zona pelo menos ao bairro de Olaria.
Precisamos confrontar essa informação com a data da chegada da EF Leopoldina na região. Pois bem, a ocupação da Zona da Leopoldina com concentrações residenciais começou ao longo da Estrada de Ferro do Norte, que partia da Estação São Francisco Xavier rumo a Meriti (atual Duque de Caxias). Era uma concessão pertencente à Rio de Janeiro Northern Railway Company, que, em 23.10.1886, inaugurou estações em Bonsucesso, Ramos e Penha, em terrenos cedidos pelas famílias da região (em Olaria havia uma simples parada; uma estação só foi inaugurada em 1917). Em 1897, a The Leopoldina Railway Company Ltd. comprou a concessão dessa ferrovia (ou seja, só a partir desse ano que se justifica chamar de Leopoldina). De 1898 a 1902, as regiões servidas por essas estações tiveram seus terrenos loteados, bem como assistiram à constituição de empresas de construção civil. Em 1909, a Leopoldina Railway se comprometeu com o governo federal a prolongar suas linhas até o centro do Rio de Janeiro. Mas só concluiu esse intento em 1926, quando inaugurou a Estação Barão de Mauá, próxima ao Estádio do São Cristóvão.
Com esses dados, ainda não se pode concluir peremptoriamente, mas é possível afirmar, com um certo grau de segurança, que a Zona da Leopoldina deve seu nome mesmo à ferrovia. Se a empresa tivesse comprado a concessão muito tempo depois da fama da professora, ainda poderia haver alguma dúvida. No entanto, a concessão da ferrovia à The Leopoldina Railway e a inauguração da escola da professora Leopoldina Rego ocorreram num curto intervalo de apenas três anos. Ademais, as terras do Noca se concentravam na região de Olaria, não justificando, a princípio, que a fama dele e de sua filha se estendessem de Manguinhos a Vigário Geral, bairros coincidentemente servidos pela linha do trem...
Por fim, como explicamos no artigo “Madureira, o Tricolor Suburbano”, com base em Brasil Gerson, os arrabaldes próximos às linhas ferroviárias eram conhecidos como “subúrbios da Central”, “subúrbios da Leopoldina” (antes de 1897, “subúrbios da Northern”) etc. Não é de estranhar que os “subúrbios da Leopoldina” passassem a ser conhecidos como Zona da Leopoldina ou, simplesmente, Leopoldina.
Fonte Webartigos.com
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