domingo, 17 de junho de 2012

Domingo com H: Do Campo ao Estádio, a Evolução do Templo Rubro-Anil.

George Joaquim.
 
O amigo André Queiroz, administrador do Blog “Fanáticos Pelo Cesso” solicitou uma matéria sobre o Estádio do Bonsucesso, atualmente batizado de Leônidas da Silva e também conhecido como o Estádio da Av. Teixeira de Castro. A pesquisa sobre o assunto resultou a publicação na coluna “Opinião e História” que assino para o “Fanáticos” e um link permanente na página principal do Blog. Hoje estarei publicando esta matéria com mais imagens para atender os amigos leitores da Folha Rubro-Anil.


  Os caminhos para se chegar ao campo do Bonsucesso já foram tortuosos, com muita poeira e terra. E se chovesse, muita lama. Mas a história de superação do mais querido do subúrbio da zona norte, também passa por uma evolução de seu campo. 
 
Desde 1913, o Bonsucesso Futebol Clube busca um campo capaz de abrigar com conforto, segurança e boa visibilidade os seus torcedores fanáticos. E conseguiu. O estádio cresceu com o clube. O clube que partiu do subúrbio para a cidade e da cidade para o Brasil incentivou investimentos para a sua casa. A ordem de grandeza foi estabelecida, do campo para o estádio, da madeira para o concreto.

O Cesso iniciou suas atividades jogando onde existe hoje a “Praça das Nações”, terras pertencentes ao antigo Engenho da Pedra. O primeiro jogo dos bravos rapazes fundadores foi nessas terras em 17/10/1913. O jogo foi contra o Riachuelo e o Cesso venceu por 3 a 1.
 A 1ª Equipe do Bonsucesso . Infelizmente não há identificação na fonte.
Foto: Revista Rubro-Anil nº 5 de 1938.

O 1º campo oficial foi na Rua Uranos, inaugurado em 03/02/1918. A derrota para o River por 4 a 3 na inauguração não foi um freio para as pretensões do Rubro-Anil. Neste ano o nosso clube foi Campeão da segunda divisão da Liga Suburbana de Futebol.

O 2 º campo oficial foi na Avenida dos Democráticos, inaugurado em 03/05/1927. O jogo principal, comemorativo, foi com o Olaria. O Cesso venceu o vizinho por 4 a 1. O 2º jogo da festa foi com o São Cristóvão e o Flamengo. Os Cadetes venceram os Rubro-Negros por 4 a 2. Em 1927 o Bonsucesso foi Campeão da segunda divisão com uma espetacular campanha, vencendo todos os jogos do campeonato. Infelizmente neste ano não houve acesso para a 1ª divisão.

Escola de Instrução Militar do Bonsucesso formada diante da arquibancada social. Foto: Revista Rubro-Anil nº 7 de 1938.

As atividades esportivas do novo campo foram curtas. O 3º campo oficial, de 102 metros de comprimento e 70 de largura, é o que existe até hoje. Segundo Laércio Becker no seu artigo “O Rubro-Anil da Leopoldina”, o novo campo da antiga Estrada do Norte foi inaugurado em 1929 para a disputa da 1ª divisão, alcançada pelo Bonsucesso ao ser Tricampeão da segunda divisão em 1928. A vida de suburbano não é mole! O Bonsucesso precisou ser Tricampeão para ter o direito de assento à mesa da elite esportiva carioca. A Revista Rubro-Anil, Edição nº 1 de maio de 1938, informa que a 1ª partida oficial da Estrada do Norte foi 28 de abril de 1929 contra o Vasco da Gama. Os vascaínos venceram por 2 a 1. A 1ª vitória do Cesso no novo campo foi contra o Bangu por 2 a 1 em 26/05/1929. Todas as duas partidas foram válidas para o Campeonato Carioca da AMEA.

Vista parcial da arquibancada social do Bonsucesso separada por uma pista de 2,40 (metros) entre o campo e a cerca interna. Foto: Revista Rubro-Anil nº 2 de 1938.

O progresso avança para o estádio e no dia 29 de junho de 1947, o Presidente do Bonsucesso Dr. Floriano de Góes (foto ao lado), entrega à torcida a nova arquibancada social de concreto. Uma grande festa marcou esse dia com a realização de três jogos. O primeiro foi um encontro de Vasco e Flamengo na categoria aspirante. Infelizmente não há divulgação do placar da fonte pesquisada. O segundo jogo foi o amistoso festivo entre Bonsucesso e Madureira. No Clássico Suburbano vitória do Cesso por 3 a 2. O terceiro jogo foi o amistoso envolvendo Botafogo e Fluminense que resultou no placar de 5 a 5. 

A Estrada do Norte mudou de nome para Av. Teixeira de Castro. O Dr. Teixeira de Castro foi um dos três primeiros beneméritos do clube. O Estádio do Bonsucesso, também conhecido como Estádio da Av. Teixeira de Castro, teve a 1ª iniciativa de nominá-lo com um grande benfeitor do Clube em 1948. O escolhido foi o Grande Benemérito Domingos Vassallo Caruso, empresário do ramo de cinemas no Rio de Janeiro e que muito fez para o engrandecimento de nosso clube. Seu nome foi escolhido para batizar o estádio por iniciativa de um grupo de sócios e conselheiros que encaminharam o pedido para aprovação do Conselho Deliberativo. O Presidente da Federação Metropolitana de Futebol, Dep. Vargas Netto, apoiou a indicação através de uma crônica publicada na Revista Bonsucesso de junho de 1948.

 

 















À esquerda, a crônica do Presidente da Federação Metropolitana de Futebol, Dep. Vargas Neto, apoiando o nome de Domingos Vassalo Caruso, matéria à direita, para batismo do Estádio do Bonsucesso. Imagens da Revista do Bonsucesso, Edição junho de 1948.

Na década de 60 o estádio do Bonsucesso foi considerado por Adolpho Schermann (leia matéria no canto direito do blog) como um dos melhores da cidade, em razão do mesmo apresentar cobertura na social, instalações elétricas, gerador próprio, alambrado, vestiários amplos e arejados. 

 Sem as cadeiras, amplo espaço para a torcida. Foto: arquivo.
Com capacidade para 10 mil pessoas, antes da colocação das cadeiras do Maracanã, outro nome foi dedicado ao estádio rubro-anil. Provavelmente por razão da morte de um ex-presidente, o estádio passou por um novo batismo e muda de nome para Rubens de Araújo Reis, falecido em 1983. Nos últimos anos um novo batismo e dessa vez homenageando o craque Leônidas da Silva, falecido em 24 de janeiro de 2004.

 Homenagem da Revista do Bonsucesso nº 1 de 1983 ao ex-Presidente.


O Inventor da "Bicicleta" no futebol, o 1º da esquerda da foto à direita, recebe a homenagem do clube que o projetou para o Futebol Brasileiro.


Em 2012, depois de prestar relevantes serviços ao esporte por 83 anos, um dos mais antigos estádios e patrimônio histórico do subúrbio do Rio de Janeiro, é alvo de interdição da Federação de Futebol de nosso estado para realização de partidas válidas da Série A. A remodelação com as cadeiras do Maracanã, ampla reforma e colocação do novo alambrado, não foram fatores suficientes para a sua liberação junto a Federação.

 Palco de emoções no futebol. Foto: Arquivo.

Abração a todos.

Fontes: “O Rubro-Anil da Leopoldina”, artigo de Laércio Becker; FFERJ; Site rsssfbrasil.com; Acervo particular.

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