Os amantes do futebol podem
adquirir mais conhecimentos do "mundo da bola" lendo a espetacular obra de
Laércio Becker “Do Fundo do Baú – Pioneirismos no Futebol Brasileiro”. E não
precisa visitar uma livraria, basta clicar sobre a imagem que está do lado direito
do blog (a mesma imagem desta matéria). Neste livro há um capítulo sobre a primeira "zebra" do futebol brasileiro.
É público que a expressão de Gentil Cardoso
(torcedor do Bonsucesso), então técnico da Portuguesa, “Vai dar Zebra” (Título
do Livro de Raymundo Quadros e José Rezende), amplamente divulgada na imprensa,
tornou-se a expressão popular de associar uma vitória de uma equipe de menor
investimento sobre uma grande equipe do futebol (na ocasião a Portuguesa venceu
o Vasco). E claro, a simbologia dessa expressão é uma simpática zebra.
Mas o livro de Laércio Becker (foto ao lado) demonstra dados importantes de que a “Zebra Futebolística” está associada ao nosso querido Bonsucesso Futebol Clube. Confira aqui no Domingo com H, o capítulo “Primeira Zebra”.
Há um consenso de que chamar o
resultado surpreendente de “zebra” foi obra do folclórico treinador Gentil
Cardoso. O problema é o jogo que deu origem à sua utilização.
Gentil Cardoso foi marinheiro do
encouraçado Minas Gerais. Quando o navio esteve na Inglaterra, em 1925,
ele acompanhou as transformações do futebol. De volta ao Brasil, formou-se em
Educação Física e foi treinador de vários clubes cariocas. Nessa condição,
implantou métodos científicos no preparo físico e nas táticas de jogo. Além dos
títulos que obteve pelo Vasco e pelo Fluminense, foi um frasista de mão-cheia
(ou melhor, de boca cheia), que contribuiu para a introdução de palavras novas
no jargão do futebol. Uma delas foi justamente a zebra.
A Wikipedia dá como um comentário
de Gentil Cardoso como treinador do Bangu, a propósito da final do campeonato
de 1966, em que bateu o Flamengo por 3x0, em 18.12.1966. O problema é que o
treinador era Alfredo Gonzalez e o episódio não consta na completíssima obra de
Carlos Molinari.
Mascote da Lusa Carioca.
Fonte: Ferj.
Parece que a origem da zebra
ocorreu mesmo foi em 1964. Quando um jornalista perguntou a Gentil que
resultado ele previa para o jogo contra o Vasco, ele, como técnico da
Portuguesa carioca e usando da lógica do jogo do bicho, disse que daria zebra –
que não existe no bicho. E deu mesmo: Portuguesa 2x1 Vasco, nas Laranjeiras,
pelo campeonato carioca, em 23.07.1964. Foi a primeira zebra batizada. Por esse
motivo, aliás, a mascote da Portuguesa carioca é uma simpática zebra cujas
listras, em vez de pretas, são rubro-verdes, as cores do clube.
No entanto, numa coleção de
encartes publicados no Diário de Pernambuco, consta que Gentil inventou
essa gíria quando treinava o Bonsucesso e disse que o alvirrubro era a zebra. O
detalhe é que Gentil foi treinador desse time em várias oportunidades – 1931-2,
1935-6, 1940-1, 1947, 1951, 1955... – todas anteriores a 1964. Seria então o
Bonsucesso a primeira zebra?
1º Mascote do Cesso.
Fonte: Blog Marco Túlio
Paixão Por Futebol.
Apesar da autoria inconteste de
Gentil Cardoso, parece que a inspiração seguiu a velha tendência de utilizar
metáforas do jogo do bicho no futebol – ver “Primeiro bicho”. Quanto aos
resultados surpreendentes, p.ex., há uma crônica de José Lins do Rego publicada
no Jornal dos Sports de 12.10.1945, intitulada “Seu Leopoldino” – em
referência à personagem criada pelo cartunista Lorenzo Molas (ver “Primeira
mascote”) para representar um imaginário torcedor-símbolo do Bonsucesso, uma
vez que o clube fica num bairro servido pela Estrada de Ferro Leopoldina. Nessa
crônica, o ilustre autor de Menino de engenho, ao comentar a inesperada
derrota do Botafogo por 1x0 para o Bonsucesso (em 23.09.1945, em Teixeira de
Castro), diz que o Seu Leopoldino, “quando acontece sair de suas normas e
acertar uma centena, espalham que ganhou no milhar”. Foi, a seu modo, uma forma
precursora de ver a zebra pela lente do bicho.
Fontes:
ARAGÃO, Lenivaldo. Bem ao estilo
Gentil. Diário de Pernambuco, 20.07.2009. Coleção “Paixão Traduzida em
Cores”, fascículo 15, p. 17.
ASSAF, Roberto; MARTINS, Clóvis. Campeonato
carioca: 96 anos de história. Rio de Janeiro: Irradiação Cultural, 1997. p.
378 e 387.
BARROS, Geraldo Monteiro de. Dicionário
ilustrado do futebol. São Paulo: Placar, 1980. p. 132.
COUTINHO, Edilberto. Zelins,
Flamengo até morrer. Rio de Janeiro: ed. do autor, 1995. p. 98.
FEIJÓ, Luiz Cesar Saraiva. Futebol
falado. Rio de Janeiro: ed. do autor, 2010. p. 204.
LIMA, Carlos Alberto de. Novo
dicionário de futebol. Rio de Janeiro: ed. do autor, 2006. p. 127.
LOPES, Nei. Guimbaustrilho e
outros mistérios suburbanos. Rio de Janeiro: Dantes, 2001. p. 202-3.
LOPES SOBRINHO, Hermito. Futebol
e reminiscências. Santa Maria: Grafos, 1989. p. 205-6.
MOLINARI, Carlos. Nós é que
somos banguenses. Brasília: ed. do autor, s/d.
PENNA, Leonam. Dicionário
popular de futebol. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. p. 215.
PLACAR Tira-Teima, nº 1, nov. 1997, p. 96.
REZENDE,
José; QUADROS, Raymundo. Vai dar zebra. Rio de Janeiro: ed. do autor,
s/d. p. 9-13.
Laércio Becker.
Abração a todos.
Nota mil para essa Folha Rubro Anil,matérias espetaculares e que emocionam,essa retrospectiva e os gols do ano passado são de arrepiar,parabéns amigo George mas o maldito rebaixamento ainda dói e muito mas tô com maior saudade de ver meu querido Bonsuça em campo com dignidade e com comandantes que gostem do clube.Abração.Ps:Dói também ver pessoas que amam esse clube e tem bagagem como André Veras não serem congitados em trabalhar no clube que prefere os incompetentes e bajuladores que todos conhecem.
ResponderExcluirApoiado Robinho! Estou com problemas no meu computador. Ele está na manutenção. Quando voltar zerado, as emoções de 2011 voltarão! Obrigado pela visita e pelas palavras. Abção.
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